Diferença entre Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave
Este vídeo tem como objetivo mostrar as principais diferenças entre a síndrome gripal e a síndrome respiratória aguda grave, conhecida como DRAG. O objetivo dessas definições é auxiliar na diferenciação entre as duas síndromes e permitir uma melhor classificação do paciente em relação à necessidade de internação hospitalar ou acompanhamento ambulatorial.
Síndrome Gripal
As pessoas que estão doentes com gripe geralmente sentem alguns ou todos estes sintomas:
- Febre ou uma sensação de febre que pode ser referida como calafrios
- Tosse seca ou produtiva
- Dor de garganta
- Corrimento nasal ou sensação de nariz entupido
- Dores musculares e/ou dores de cabeça
- Cansaço
- Algumas pessoas podem ter vômitos e diarreia, embora isso seja mais comum em crianças do que em adultos.
O Ministério da Saúde do Brasil define a síndrome gripal como sendo a doença que, na ausência de outro diagnóstico específico, o paciente apresente com febre de início súbito (mesmo que referida) e essa seja acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia. Para as crianças com menos de 2 anos de idade, devemos considerar a presença de febre de início súbito (mesmo que referida) associada a sintomas como tosse, coriza e obstrução nasal.
A Organização Mundial de Saúde define a síndrome gripal como uma infecção respiratória aguda com febre medida maior ou igual a 38 graus Celsius e tosse com início nos últimos dez dias. É importante ressaltar que a febre deve ser considerada como febre mesmo que somente referida pelo paciente. No Brasil, medimos a temperatura axilar e deve ser considerada febre se for acima de 37,8 graus Celsius. Nem todas as pessoas com síndrome gripal apresentam febre. Os imunossuprimidos e os idosos podem não ter este sintoma.
Existem vários vírus e mesmo outros patógenos que podem mimetizar uma síndrome gripal, mas as infecções virais respiratórias agudas mais comuns são causadas pelos vírus da influenza A, B e C, os coronavírus (os coronavírus 1 e 2, que é o causador da COVID-19), entre outros vírus respiratórios.
É de grande importância que avaliemos os pacientes a presença de fatores de risco para complicações da síndrome gripal. Os fatores de risco mais importantes são:
- Idade maior ou igual a 65 anos
- Pessoas da população indígena
- Gestantes e puérperas
- Crianças, principalmente menores de dois anos
- Pacientes com doenças crônicas graves, como as cardiovasculares, doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme), pacientes com distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus), pacientes institucionalizados, nefropatas e hepatopatas, pacientes com transtornos neurológicos que possam comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração, imunossuprimidos, menores de 19 anos que fazem uso de ácido acetilsalicílico e aqueles com obesidade (presente o IMC maior que 40).
Existem sinais na síndrome gripal que mostram uma piora progressiva do estado clínico do paciente e nós devemos ficar atentos. Então, se o paciente apresentar persistência ou piora da febre por mais de 3 dias consecutivos, é um sinal de alerta. Um aumento de CPK de duas a três vezes o valor de referência também é um sinal de alerta. Alteração do sensório, sinais de desidratação e, nas crianças, deve-se avaliar a exacerbação dos sintomas gastrointestinais como vômitos e diarreia. A alteração da ausculta pulmonar pode sugerir pneumonia associada, o que configura uma doença mais grave.
Síndrome Respiratória Aguda Grave (DRAG)
Caso o paciente apresente algum sinal de gravidade, a síndrome gripal passa a ser uma síndrome respiratória aguda grave, chamada de DRAG. A DRAG é definida pelo INSS como doença respiratória aguda com história de febre ou febre medida acima ou igual a 38 graus Celsius e tosse com início nos últimos dez dias, exigindo hospitalização. A DRAG é, portanto, um paciente com síndrome gripal e que apresenta dispneia ou algum dos sintomas abaixo:
- Saturação de oxigênio inferior a noventa e cinco porcento em ar ambiente
- Cianose
- Sinais de desconforto respiratório
- Aumento da frequência respiratória para a idade
- Piora da condição clínica de base
- Se houver hipotensão arterial com PA sistólica menor que 100
- Diminuição da amplitude dos pulsos
- Insuficiência respiratória aguda
- Alteração do estado mental
- Febre persistente por mais de três dias ou após 48 horas afebril
Para finalizar, podemos resumir que um paciente com uma síndrome gripal, que por causa dos seus fatores de risco na sua resposta inflamatória ou por causa da virulência do patógeno que o infectou ou que teve uma falha no tratamento inicial da síndrome gripal ou alguma infecção bacteriana associada, ele evoluiu de forma rápida e grave para uma síndrome respiratória aguda grave. Espero ter esclarecido as diferenças entre síndrome gripal e DRAG e que esses conceitos te ajudem na decisão clínica de internar ou não o seu paciente.
O código deve ser adicionado no final do texto.
Fonte
COVID 19 – Síndrome Gripal X Síndrome Respiratória Aguda Grave por Centro de Telessaúde HC-UFMG