Pessoas que cuidam de pacientes com Alzheimer
Olá, eu sou Saulo, neurologista, e hoje gostaria de conversar um pouco sobre pessoas que cuidam de pacientes com Alzheimer.
Infelizmente, é uma situação que vemos bastante em famílias, onde um ente querido recebe o diagnóstico de demência, o mal de Alzheimer. Apesar de todos os tratamentos, a pessoa continua a evoluir e a ficar cada vez pior.
Quem cuida dessa pessoa é uma pessoa que sofre muito também. Toda a família, toda a dinâmica familiar, todos os parentes acabam sofrendo junto com o paciente. Mas, em especial, aquela pessoa que está mais envolvida com os cuidados do dia a dia daquela pessoa, isso é uma tarefa muito árdua.
Saber como lidar, saber como agir, saber como responder às perguntas da pessoa que está doente, saber como lidar com os comentários inadequados ou os comentários equivocados da pessoa que está doente, ajudar na comida, trocar de roupa, fazer as atividades, tem que ter toda essa questão emocional envolvida.
A pessoa que tem o mal de Alzheimer é como se ela fosse perdendo aos poucos a personalidade dela e ela começa a ser alguém que ela nunca foi a vida inteira. Aquelas pessoas, por exemplo, sempre foram amorosas e carinhosas, podem ficar numa fase mais avançada da doença agressivas, podem ficar com o comportamento bem alterado, podem ficar muito depressivas, muito agitadas, pode ter uma alteração muito grande do jeito delas. Isso é difícil para quem lida, para quem está junto, para quem conhece aquela pessoa a vida inteira, porque isso acaba mexendo muito com o emocional da gente.
Uma dica que eu daria para você que é cuidador de algum parente com doença de Alzheimer é procurar um neurologista da pessoa que tem o mal para bater um papo. Atenção é uma coisa que eu faço aqui no meu entendimento. É importante dedicar um tempo grande no atendimento para atender o cuidador, porque ele merece atenção.
Então, quanto a pessoa que tem a doença de Alzheimer, porque ele também está precisando de ajuda para saber lidar e para conseguir passar melhor por tudo isso. Lembro quando era moleque, quando era criancinha, que a minha avó teve Alzheimer. Hoje em dia, já falecido, e minha tia comentava na minha tia que era cuidadora direta e sempre comentava o quanto era difícil. Eu não tinha muita proporção daquilo na época, mas hoje, como neurologista e convivendo com pacientes com Alzheimer e familiares, eu entendo isso com clareza. É muito difícil. Eu entendo vocês. Muita sorte nessa luta, uma batalha, e é importante ter o seu neurologista, o neurologista do seu parente junto com vocês nessa batalha.
Mensagem é essa. Essa semana a gente volta com mais um vídeo.
Bullets:
- Uma doença que não tem cura
- Tarefa árdua para quem cuida
- Alteração do comportamento da pessoa com Alzheimer
- Atenção ao cuidador é importante
- Neurologista deve estar junto na batalha
Fonte
Doença de Alzheimer: o que muda na vida do familiar cuidador? Dicas para um melhor convívio por Neurologia e Psiquiatria