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Compreendendo a relação entre depressão e esquizofrenia com a Dra. Anna Luyza Aguiar

A Depressão Pode Desenvolver a Esquizofrenia?

Hoje é dia de responder a uma pergunta muito interessante e que revela também o medo de muita gente. Olha só a pergunta da Natália:

“A depressão pode desenvolver a esquizofrenia?”

Vou fazer essa pergunta melhor. Acredito que ela quer saber se depressão vira esquizofrenia. Vou responder isso agora. Se é a sua primeira vez aqui nesse canal, seja muito bem-vindo(a)! Convido você a fazer parte aqui dessa grande comunidade de saúde mental. Aliás, tem muita pergunta já respondida aqui nesse canal, então depois dessa, dá uma olhada se eu já não respondi uma dúvida sua que pode inclusive reduzir a sua angústia.

Esquizofrenia é um quadro de alteração do pensamento e do comportamento. A pergunta da Natália tem a ver com o medo de um quadro depressivo geral e sintomas típicos da esquizofrenia. E os sintomas típicos, os mais conhecidos e prevalentes, de um quadro de esquizofrenia são os sintomas psicóticos, prevalentemente delírio e alucinação auditiva. E outros tipos de alucinação também podem acontecer. Quando eu tô falando de alucinação auditiva, eu estou falando de ouvir vozes. Múltiplas vozes na cabeça, né? E a pessoa pode conversar e responder a essas vozes. Baixinhas que a gente chama de solu e Loki. Isso desorganiza o pensamento da pessoa. Muitas vezes, ela pode ter o que a gente chama de sintomas negativos, que é uma alteração na maneira como responde as emoções. Fica mais retraída, que é uma alteração que nós chamamos do afeto. Tem mais isolamento. A resposta às pessoas começa a ficar estranha, às vezes desconexa, que é o que chamam de “não falar coisa com coisa”. E também ela pode começar a ficar monossilábica. Ela responde pouco, ela reduz essa interação de uma forma mais reduzida. Assim, a gente caracteriza sintomas negativos e sintomas positivos que a gente chama em esquizofrenia.

É possível que uma pessoa com depressão desenvolva a esquizofrenia? Dessa forma, não são quadros diferentes. Depressão é diferente de esquizofrenia e depressão não leva a esquizofrenia. No entanto, uma pessoa com depressão grave, um quadro depressivo, pode gerar sintomas psicóticos. Mais uma vez, sintomas psicóticos, delírios e alucinações. E esses sintomas psicóticos dessa pessoa com depressão não são uma esquizofrenia, mas sim parte do quadro depressivo. E aí ela vai usar antipsicótico, assim como uma pessoa com esquizofrenia vai usar antidepressivo. Mas não quer dizer que ela desenvolveu esquizofrenia.

Uma outra coisa que precisa ficar clara nessa resposta é que uma pessoa pode ter os dois quadros. Geralmente, a gente revisa esse diagnóstico. E também ela pode ter sintomas psicóticos em um quadro que não é depressivo. Isso acontece em um quadro bipolar que a gente chama de mania psicótica. Aqui, um indivíduo bipolar pode ter um episódio depressivo e um episódio de mania psicótica. Ou seja, na vida dele, ele tem um episódio de depressão e tem a psicose, mas não quer dizer que ele é uma pessoa que saiu da depressão para esquizofrenia. São sintomas do próprio transtorno afetivo bipolar. Existe também um transtorno que a gente chama de transtorno afetivo em que a pessoa pode ter sintomas de delírios e alucinações em um período diferente da alteração de humor do quadro depressivo, mas aí também não é a depressão virando esquizofrenia ou virando transtorno esquizoafetivo. São quadros diferentes, tá?

Então, a resposta para Natália é não. Depressão não vira esquizofrenia. Mas, sintomas parecidos com depressão podem estar envolvidos. Parecidos mesmo, como a gente caracteriza na depressão. Além de ficção, a ausência de capacidade de fazer as coisas, né? Aquela retração. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra e tudo precisa ser tratado adequadamente. E os diagnósticos diferenciais precisam ser feitos. Muitas vezes, você não consegue, ou melhor, na maioria das vezes, você não fecha um diagnóstico complexo como esse nos primeiros sintomas. O acompanhamento regular do paciente é que faz com que você fecha um diagnóstico à medida que você vai tratando, que a pessoa vai relatando sintomas, que a família faz parte também do relato dos sintomas e da terapia do paciente.

Conclusão

Espero que esse vídeo tenha respondido a Natália e a você que também tem dúvidas sobre isso. Se é a sua primeira vez aqui, inscreva-se nesse canal aqui no botão vermelho. Aproveita para dar uma olhada em outros vídeos que eu já posso ter tirado sua dúvida sobre outros assuntos. E vejo você em nosso próximo vídeo! Até lá!

Fonte
DEPRESSÃO VIRA ESQUIZOFRENIA? | Dra Anna Luyza Aguiar por Dra Anna Luyza AguiarliveBroadcastDetails{isLiveNowfalsestartTimestamp2023-01-26T230007+0000endTimestamp2023-01-26T230820+0000}