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Síndrome do Pânico: entenda a sensação de morte com Jair Mari.

O interessante no pânico é que muita gente, eu tenho vários anos de prática clínica. No começo, o pessoal acreditava que existia pânico e a sensação que o indivíduo tem é de morte. Então, a pior coisa que um médico ou profissional pode falar para essa pessoa na emergência é “o senhor não tem nada”. Não sei o que o médico deveria falar, mas a resposta não é essa. Seu eletrocardiograma e ecocardiograma estão normais, mas o sofrimento da pessoa é real. Como se o comando cerebral emitisse mensagens que não são verdadeiras, são mensagens falsas ou mal interpretadas, mas a sensação do indivíduo é a mesma que o indivíduo com um enfarto. É para se levar a sério o sofrimento dessa pessoa e o desgaste biológico que o pânico causa é brutal. Então, tem situações de pânico, como esquecer que a gente chama paroxístico catártico dormindo e acorda e tem pânico, mas o pânico tem a ver com a sensação de armadilha. O cara entrou no avião, vai fechar a porta do avião, ele entra em pânico. Outra situação que tem muito a ver com o pânico é o shopping, porque vem da agorafobia, que é: sentir-se mal nos espaços públicos e abertos. Então, a principal característica do pânico é a sua associação com essas situações em que o indivíduo se sente preso. Muitas vezes, quando tem uma chuva forte e ele começa a perceber a inundação e que ele não vai poder cair fora daquela situação, isso pode dar uma crise de pânico. O que dispara o pânico são essas situações traumáticas, têm muito a ver com isso também. Os mini sequestros não é essa exposição que nós temos à violência urbana, também são fatores importantes. É como se o pânico fosse algo assim que tivesse a ver com a própria modernidade, como a pessoa não suportar esses estímulos de tanto estresse e de tantos conflitos, de tantos problemas que nós vivemos. Mas essas pessoas, quando equilibradas, elas voltam a ter uma criatividade estupenda e isso é pra perceber assim que olha, o pânico, depressão, são problemas que vão fazer parte do nosso cotidiano e não tem porque ter preconceito com isso. É você saber que tem jeito sim, é você vencer essa barreira. Não é que a se tomar remédio é mais fraco. Acredito que a gente tem que evitar a super medicalização, mas também a gente tem que ter uma abertura maior para perceber o que pode ser benéfico para o indivíduo.

Fonte: Síndrome do Pânico: sensação de morte | Jair Mari por Casa do Saber