É muito comum pacientes consultarem e questionarem sobre o futuro e o que pode acontecer. A principal mensagem é de que é necessário fazer acompanhamento médico para doenças mentais, como ansiedade, depressão e síndrome de estresse pós-traumático, que são extremamente prevalentes e podem reduzir bastante a qualidade de vida. Além disso, a redução da capacidade respiratória e cardiovascular também pode limitar o dia a dia da pessoa e é preciso acompanhamento médico para saber realmente se isso é por causa da COVID-19 ou se há outra condição, e qual o tratamento a ser feito, como reabilitação cardiopulmonar ou algum tratamento medicamentoso específico, dependendo da condição. O risco de sequela respiratória é ainda maior em pacientes que tiveram a doença mais grave.
Um ponto importante é que a vacina pode causar fadiga crônica, que é uma queixa muito frequente dos pacientes com COVID-19. Muitas vezes, o paciente não refere falta de ar, mas sim febre e cansaço, que são sintomas muito frequentes. Mais de 50% dos pacientes que tiveram COVID-19 podem apresentar sintomas por algumas semanas até meses. Há riscos de desenvolver eventos trombóticos, ou seja, uma coagulação excessiva em pacientes que apresentaram COVID-19. Esses pacientes precisam receber medicamentos específicos para prevenir isso e aqueles que desenvolveram trombose precisam receber um tratamento específico para a trombose. Essas tromboses podem envolver não só o pulmão, mas também o coração, o cérebro e outros órgãos, que podem eventualmente serem comprometidos, inclusive o risco de vida.
Sabemos desde o início dos primeiros estudos relacionados à infecção por COVID-19 que não só o pulmão, mas inúmeros outros órgãos são acometidos. Um destaque é o objetivo de estar aqui conversando um pouco sobre a infecção e as repercussões sobre o sistema cardíaco. Os primeiros relatos do ano passado já mostravam que alguns pacientes apresentavam acometimento como infecção pelo vírus e uma miocardite. Alguns pacientes têm maior propensão a desenvolver um infarto agudo do miocárdio durante essa fase e também há relatos de inflamações cardíacas por todo o processo inflamatório.
Um ponto importante que todos os pacientes perguntam é quando eles podem voltar à atividade física. Isso deve ser individualizado e certamente uma pessoa que teve uma infecção leve sem problemas maiores e sem comprometimento pulmonar pode reassumir uma atividade física 30 dias após, eventualmente antes. Por outro lado, se o paciente ainda apresentava sinais de um processo inflamatório, quer seja por exames laboratoriais alterados ou por uma clínica compatível com cansaço e fadiga, essa pessoa não deve reiniciar a atividade física plena. Por isso, hoje a orientação é que sempre procurem um especialista e uma equipe de reabilitação para orientar em relação a quando e como reiniciar a atividade física.
É importante que pacientes que tiveram COVID-19 e seus familiares contem essa história para outras pessoas e mostrem que os médicos e especialistas em saúde alertam que é uma doença que causa estresse, danos psicológicos e físicos e não é brincadeira. As pessoas têm que se proteger e tentar ajudar a evitar a disseminação do vírus para que esse impacto não aconteça com outras pessoas.
Fonte: Sequelas da Covid-19: além de físicas, psicológicas por HospitalMoinhos