Introdução ao Diabetes
Este vídeo é uma iniciativa do departamento de farmacologia da UFMG. Ele constitui o primeiro da série de três vídeos sobre diabetes. Nesse vídeo inicial, será apresentada uma breve introdução sobre a fisiopatologia e as principais complicações do diabetes. Para maiores informações, recomendamos a leitura da literatura científica da área.
De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, o diabetes mellitus é um distúrbio metabólico caracterizado pela hiperglicemia persistente decorrente da deficiência na produção de insulina ou em sua ação, ou em ambos os mecanismos. A hiperglicemia persistente está associada a complicações crônicas macrovasculares, como aterosclerose, e microvasculares, como retinopatia, nefropatia e neuropatia diabética. A diabetes atinge proporções epidêmicas, com estimativa de 415 milhões já cometidos no mundo inteiro, reduzindo a qualidade de vida e elevando as taxas de mortalidade.
Fisiopatologia do Diabetes
O pâncreas é a glândula responsável pela produção dos hormônios peptídicos reguladores da glicemia, o glucagon e a insulina. A síntese desses hormônios ocorre nas ilhotas de Langerhans, compostas pelas células alfa e beta pancreáticas. O glucagon é produzido pelas células alfa pancreáticas, enquanto que a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas.
Após uma refeição, a secreção de insulina ocorre de forma bifásica, sendo que a primeira fase ocorre com mais elevada secreção de insulina por pouco tempo, e a segunda ocorre com uma secreção menor, porém mais duradoura. Para que ocorra a secreção de insulina, a glicose entra nas células beta pancreáticas através do transportador de glicose do tipo 2 (GLUT2). O processo de metabolização da glicose gera ATP, que por sua vez irá bloquear canais potássicos sensíveis ao ATP presente nessas células, isso em conjunto com uma despolarização do membrana, o que ativa canais para cálcio sensíveis à voltagem e permite a entrada de cálcio na célula.
A presença do cálcio no meio intracelular é responsável por diversos processos bioquímicos que resultam na secreção de insulina. Para que a insulina exerça seus efeitos, ela se liga a um receptor tirosina quinase. A sinalização desse receptor é responsável por efeitos rápidos e tardios. O principal efeito rápido é a translocação de transportadores de glicose do tipo 4 para membrana. A presença do GLUT4 na membrana das células permite a entrada de glicose em seu interior. A insulina tem várias ações no organismo, interferindo diretamente no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas.
- De modo geral, a insulina tem efeitos anabólicos, estimulando a síntese proteica, glicogênio e ácidos graxos.
- Por outro lado, ela inibe ações catabólicas como a proteólise e a lipólise, a glicogenólise e a gliconeogênese.
Dessa forma, a deficiência na secreção de insulina ou em suas ações pode promover uma série de complicações, tais como hiperglicemia, dislipidemias, cetose e acidose, além de doenças cardiovasculares, renais e neuropatia. Os sintomas mais comuns do diabetes são poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso e dificuldade de cicatrização de feridas.
Tipos de Diabetes Mellitus
Sabe-se que existem alguns tipos de diabetes mellitus, mas os principais são diabetes mellitus tipo 1 e diabetes mellitus tipo 2. O DM1 corresponde a 10% dos casos, enquanto que o DM2 corresponde a 90% dos casos.
O DM1 geralmente está associado a indivíduos jovens e sugere que fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos em sua fisiopatologia. Nesse tipo de diabetes, ocorre uma resposta auto-imune contra as células beta pancreáticas, uma reação de hipersensibilidade do tipo 4, o que causa a destruição dessas células. Com o tempo, após a destruição, os indivíduos afetados tornam-se insulino-dependentes, isto é, passam a depender da terapia com insulina para sobreviver.
Já o diabetes do tipo 2 atinge indivíduos mais velhos, geralmente em situação de sobrepeso ou obesidade, e tem uma grande influência genética em seu desenvolvimento. É caracterizado principalmente pela resistência periférica à ação da insulina. Isso significa que, para exercer seus efeitos fisiológicos, o indivíduo precisa de uma concentração maior de insulina no sangue. Nas fases iniciais da doença, a produção de insulina pode ser normal ou até aumentada, gerando a hiperinsulinemia. Porém, com a progressão da doença, há uma redução na produção desse hormônio, de maneira que alguns indivíduos podem se tornar insulino-dependentes.
Tratamentos Farmacológicos
A farmacologia do diabetes tem o objetivo de regularizar os níveis de glicemia e prevenir as condições patológicas que são consequência da doença. Os tratamentos farmacológicos disponíveis para o DM1 e DM2 serão apresentados nos próximos vídeos.
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Fonte
Farmacologia do Diabetes Mellitus – Introdução (1/3) por Portal da Farmacologia