O câncer de colo do útero é um dos mais incidentes na população feminina, ficando atrás somente do câncer de mama. Apesar de ser altamente prevenível, só no Brasil ele acomete mais de 15 mil mulheres. O colo do útero fica bem no final da vagina e da cavidade uterina. Por se localizar entre órgãos externos e internos, fica mais exposto ao risco de contrair doenças, e o HPV (papilomavírus humano) é o principal causador dessa doença. Existem mais de 100 tipos de HPV e eles são transmitidos via contato sexual. O contágio pode ocorrer no contato pele a pele, principalmente durante a relação sexual com penetração vaginal e/ou penetração anal, mas também durante o sexo oral, assim como em qualquer contato com a região genital e inclusive com as mãos. Por isso, use sempre camisinha. Felizmente, a maioria das pessoas que foram infectadas pelo HPV consegue eliminar o vírus graças ao nosso sistema imunológico, responsável por matar o vírus.
Entretanto, é preciso muita atenção para dois tipos de HPV, os subtipos 16 e 18, que são de alto risco e responsáveis por setenta por cento dos casos de câncer de colo do útero e lesões pré-cancerosas. Se não for identificado precocemente, o risco dessas lesões se tornarem câncer é mais alto. Mas lembra que eu falei que esse é um tumor inevitável por dois motivos: por conta de um exame ginecológico chamado o papanicolau, que consegue detectar as lesões precursoras e fazer o diagnóstico precoce da doença. Então, é necessário visitar pelo menos uma vez o ginecologista para fazer o rastreamento precoce.
O outro aliado da prevenção é a vacinação. Em tempos de notícias falsas (fake news) contra as vacinas, é preciso enfatizar que a vacina contra o HPV protege contra os principais subtipos de vírus associados ao câncer. Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos podem tomar a vacina gratuitamente pelo SUS. Muitos pais se questionam: “Mas por que vacinar nessa faixa etária, já que para a maior parte das pessoas dessa idade a vida sexual ainda não começou?”. Simples, o objetivo é proteger crianças estão antes do início da vida sexual e, portanto, antes de serem expostas ao vírus. Fique tranquila, você não estará induzindo seu filho ou filha a iniciar a vida sexual precocemente.
Quer um exemplo de que isso funciona? Atualmente, a Austrália tem índices baixíssimos de pacientes com câncer de colo de útero porque foi um dos primeiros países a introduzir um programa nacional de vacinação contra o HPV para meninas em 2007. Eles pretendem extinguir essa doença até 2028. Por aqui, devemos seguir o caminho da prevenção, com exames periódicos e vacinação em dia. Lembre-se, sem HPV não há câncer de colo de útero.
Fonte: Câncer de colo de útero e HPV: qual a relação? por Drauzio Varella