Mas cinco pessoas estão em diálise no Brasil neste momento, o que indica que alguma coisa não vai bem com os rins. Na verdade, o problema da doença renal crônica é justamente que ela é muito traçoeira. Ela dificilmente dá sintomas nas fases iniciais, sendo que muitas vezes o paciente é assintomático, então a gente tem que procurar mais ativamente o diagnóstico desses pacientes que não têm sintomas.
Então, a gente tem que focar primeiro nos pacientes que têm fator de risco para doença renal crônica: diabéticos, hipertensos, indivíduos que têm alguma doença renal (como alguma glomerulonefrite), pessoas que tiveram pedras ou infecção urinária de repetição, e aqueles que têm alguém na família com doença renal (que pode ser uma doença hereditária).
Para quem tem histórico na família de diálise ou transplante, ou para quem tem uma idade mais avançada, o ideal é incluir especialmente esses pacientes de risco em algum tipo de avaliação da função renal. Isso é muito simples e pode ser feito pela dosagem de creatinina no sangue (um exame simples) e uma amostra de urina para ver se tem presença de proteína.
Dessa forma, pela análise da creatinina no sangue e pela presença de proteína na urina, você consegue perceber os pacientes que têm doença renal crônica ainda numa fase assintomática, porque quando o paciente começa a ter sintomas, muitas vezes já está numa fase avançada da doença. Às vezes, o paciente só tem 20% ou 30% da função renal, então o que a gente quer evitar é que o paciente chegue nessa fase de diálise ou transplante.
A diferença entre a diálise e a hemodiálise é que a diálise pode ser realizada de duas formas: hemodiálise e diálise peritoneal. Elas são tecnicamente totalmente diferentes na forma de serem realizadas, mas elas têm os mesmos objetivos e os mesmos resultados. Na hemodiálise, o indivíduo precisa comparecer à clínica de hemodiálise e lá, com o auxílio de uma máquina, o sangue dele vai passar por um filtro (um circuito extracorpóreo) por quatro horas.
Em outra forma, chamada diálise peritoneal, o indivíduo vai ter o implante de um cateter no abdômen e com esse cateter ele vai infundir uma solução na cavidade abdominal, que é uma espécie de “furômetro”. Essa infusão pode ser feita com o auxílio de uma máquina, então a troca entre as substâncias que estão no sangue e essa solução do que foi infundida dentro do abdome é por aí que é feita a limpeza do sangue, é o que é feito para prevenir a perda da função.
A primeira coisa é o tratamento da doença de base. Então, é tratar o diabetes adequadamente, controlar adequadamente a pressão arterial do hipertenso, tratar uma eventual doença renal que o indivíduo pode ter (por exemplo, uma glomerulonefrite ou pedra nos rins), infecção urinária de repetição, tratar adequadamente e ter um estilo de vida mais saudável e evitar o ganho de peso excessivo, evitar o tabagismo e ter uma atividade física regular.
Além disso, é importante não tomar medicamentos por conta própria, porque têm medicamentos que são nefrotóxicos, que pioram a função renal, especialmente os anti-inflamatórios não hormonais. Quem tem problema renal precisa ter uma atenção especial em relação a isso e outras medidas específicas para retardar a perda da função.
Muitas vezes, fala-se em tomar muita água para preservar a função renal. Mas, para quem tem doença renal crônica na verdade às vezes é o contrário, porque se esse indivíduo tomar muita água e for doente, ele pode não conseguir eliminar, então se ele não consegue eliminar o excesso de água e se a água fica acumulada no corpo, ele fica inchado, pode aumentar a pressão dessa água e, em última análise, pode até ir para o pulmão e ter um quadro mais grave.
Fonte: Insuficiência Renal por Médico em Casa