Olá, eu estou aqui hoje para falar um pouco sobre a síndrome da fadiga crônica em tempos de COVID-19.
A síndrome da fadiga crônica é uma condição muitas vezes negligenciada na prática médica. Isso acontece por dois motivos principais. Primeiro, porque a doença muitas vezes é confundida com outras condições mais conhecidas, como por exemplo, a fibromialgia. E além disso, os sintomas nesses pacientes são muitas vezes subvalorizados e atribuídos a problemas psiquiátricos ou questões psicológicas.
Essa doença, que é extremamente debilitante, pode acabar sendo não diagnosticada e não tratada adequadamente. Trata-se de uma condição em que o sintoma principal do paciente é uma fadiga ou cansaço físico ou mental que dura mais de seis meses e que classicamente piora depois que o paciente faz atividade simples, como uma tarefa doméstica diária, uma simples caminhada ou mesmo a leitura de um livro.
Classicamente, essa doença é descrita como tendo o principal gatilho uma infecção viral. Tem muitos que até chamam de síndrome pós-viral, e vários vírus já foram implicados nessa condição. Entre eles, por exemplo, o vírus Epstein-Barr, que é o vírus da mononucleose.
Por que acontece a fadiga crônica? Acredita-se que o processo inflamatório, a produção daquelas citocinas inflamatórias que acontece na infecção viral, de qualquer infecção, na verdade o processo inflamatório em si é capaz de alterar mecanismos do sistema nervoso central e que modificam a percepção sensitiva aos estímulos sensitivos do ambiente.
Nesses pacientes, semelhante ao que acontece no indivíduo com fibromialgia, tanto a percepção dolorosa como a percepção tátil e de outros estímulos sensitivos é alterada, e o paciente se torna mais sensível. Então, além da dor, você pode ter alteração da fadiga, porque acontece principalmente nessa doença, alterações de memória, dificuldade de concentração e distúrbios do sono também acontecem e são frequentes nessa doença.
E agora que a pandemia da COVID-19, a primeira onda, parece estar retrocedendo, isso não no nosso país, mas somente na Europa, a literatura médica tem reportado vários casos de pacientes que persistiram após a resolução da COVID-19 com sintomas crônicos de fadiga e dores musculares, além de outras situações, como por exemplo, a persistência de sintomas respiratórios, como tosse e sensação de falta de ar.
Por que é tão importante falarmos disso em termos de COVID-19? A fadiga crônica é uma condição muito debilitante que tem um aspecto de justamente de doença crônica. Ela pode durar meses, anos. O paciente com esses sintomas, alguns ficam a vida inteira, alguns sintomas resistem.
Um estudo recente, reportado no final do mês passado (julho) pelo CDC americano, mostrou que das pessoas que eles entrevistaram através de ligação telefônica que tinham tido COVID-19 leve, sem necessidade de internação, eles viram que há 35% das pessoas que tiveram infecção leve que ficaram com alguns sintomas persistentes duas a três semanas após a resolução da infecção. E entre os sintomas, a fadiga, a dor muscular e alguns sintomas respiratórios e alguns pacientes até com febre ou febrícula após a resolução da COVID-19.
Isso é extremamente importante porque a gente tá conhecendo a doença agora, e você teve COVID-19 e tem alguns sintomas de fadiga ou algum sintoma que persiste após a resolução, bom, então ou se você conhece alguém com esses sintomas, procurar um médico é fundamental.
Esse é o recado que eu tinha para dar hoje. Continue nos acompanhando e até a próxima.
Fonte: Coronavírus: o que é a Síndrome da Fadiga Crônica por Sociedade Paulista de Reumatologia