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Vigilância Ativa para Câncer de Próstata: Quando o Tratamento Não é Necessário.


Olá, seja bem-vindo(a) novamente!
Hoje, vou abordar um tema pouco conhecido pela maioria das pessoas, que é o tratamento com a vigilância ativa. Na verdade, uma observação para os homens que têm câncer de próstata, isso porque nem sempre é necessário fazer uma cirurgia ou uma radioterapia.
Então, peguei uma das perguntas enviadas aqui para o nosso canal e a primeira delas é do Bruno Mendes. Ele fala: “Doutor Bruno, meu avô tem 65 anos, foi diagnosticado com câncer de próstata gleason 6, que é o grau um de menor agressividade. Após serem retirados 12 fragmentos na sua biópsia e um dos fragmentos com apenas 20% de comprometimento por pelo câncer PSA dele. Inicial era de 5 e o toque retal normal, foi acompanhado com o urologista durante a investigação que indicou a vigilância ativa e ele quer saber se é possível confiar nesse tipo de conduta e qual o momento bom para procurar o tratamento imediato”.
A pergunta do Bruno é muito específica e importante, então vamos lá. Primeiro, temos que contextualizar a idade do avô dele, que é considerada uma idade jovem (65 anos). Então, vamos presumir que ele é um homem com boa qualidade de vida e boa saúde. O tratamento em geral é recomendado para homens nessa situação. Acontece que a doença é uma doença de baixa agressividade. Estamos falando de um gleason 6, ou seja, numa escala de agressividade que vai até 10, o dele está no bloco de menor agressividade. É uma doença de baixo risco de metástase.
Ele coloca também uma classificação mais atual que é a classificação da Sociedade Internacional de Urologia e Patologia, que classifica os homens com lesão 6 como agressividade 1, sendo que a agressividade vai de 1 a 5.
O outro ponto é que o nódulo foi detectado apenas por uma alteração do PSA. Ou seja, a doença realmente está no início. A chance do avô do Bruno evoluir para um quadro de metástase ou falecer da doença nos próximos 10 a 15 anos é de aproximadamente 2,5%.
Isso não sou eu que estou dizendo. Quem disse é o maior estudo que acompanhou homens com câncer de próstata de baixo risco. Um estudo canadense acompanha aproximadamente 100.000 homens por um intervalo de 15 anos. E esses homens foram acompanhados com avaliação periódica do PSA e repetindo a biópsia da próstata a cada dois ou três anos. E o que eles viram é que boa parte desses homens, com a característica do avô do Bruno, na verdade, faleciam de outras causas que não câncer de próstata. Baseado nesses números, o protocolo de vigilância ativa entrou para os principais manuais de recomendação sobre urologia no Brasil e no mundo.
Então, a Sociedade Americana, Sociedade Europeia e a própria Sociedade Brasileira recomendam a vigilância ativa para homens que têm o câncer de próstata com 1 a 2 fragmentos da biópsia comprometido pelo câncer, e nenhum dos fragmentos pode ter mais do que 50% do comprometimento do fragmento com câncer. Além disso, esses homens têm que ter um PSA menor que 10.
O avô do Bruno preenche todas as características para um homem seguir no protocolo de vigilância ativa com segurança. Com o que existe de mais moderno que a gente pode fazer para dar mais segurança para esses homens, já existe um teste genético chamado oncotype. Esse teste já é aplicado para o câncer de mama há mais ou menos dez anos, e ele faz uma classificação molecular. Ou seja, ele avalia características genéticas do câncer de mama. E esse mesmo teste já foi validado para homens com câncer de próstata de baixo risco.
Então, qual é o racional? Pegamos o tecido da biópsia, fazemos uma análise genética nesse tecido e o resultado do teste diz se aquele homem tem uma chance alta ou baixa de apresentar metástases nos próximos dez anos de acompanhamento.
Suporte é uma ferramenta muito útil para ajudar o médico a identificar quem são os homens com as melhores características para seguirem no protocolo de vigilância ativa. E se o teste falar que os homens têm o alto risco de desenvolver metástases, lógico, esse paciente será encaminhado para um tratamento com cirurgia ou com radioterapia. Então, ele não conseguirá seguir no protocolo de vigilância ativa.
Ou então, quando interromper esse protocolo? Basicamente em algumas situações, por exemplo, desejo do paciente. Paciente deseja interromper o protocolo de vigilância ativa. Nós podemos partir para uma cirurgia ou radioterapia segundo o PSA segue aumentando a velocidade muito alta. E terceiro, na nova biópsia, na rede biópsia que é feita a cada seis meses, um ano, ou mostrou características de maior agressividade, o aumento do número de fragmentos.
Essas são as características que levam um homem a interromper o protocolo de vigilância ativa. E se você gostou desse conteúdo, deixe seus comentários aqui. Nós vamos fazer novos vídeos baseados nessas perguntas. Obrigado mais uma vez pela atenção e até a próxima.
Fonte: Entenda o que é Vigilância Ativa para o Câncer de Próstata. Nem sempre o tratamento é necessário. por Dr. Bruno Benigno – Urologista e Oncologista – SP