Interferência entre Tuberculose e HIV
Olá! Tudo bem? Hoje nós vamos falar sobre a interação entre tuberculose e HIV, o vírus da imunodeficiência humana. E vamos falar sobre isso, porque as duas ocorrem juntas em diferentes partes do mundo, e uma infecção acaba fazendo a outra piorar. Podemos dizer que é o cenário perfeito para causar danos graves.
- Nove milhões de pessoas são infectadas por tuberculose por ano;
- Uma em cada nove, em torno de 13%, é coinfectada por HIV;
- Um milhão de pessoas estão coinfectadas por tuberculose e HIV.
Essas figuras representam o impacto dessas infecções:
- 1,5 milhão de pessoas morrem por ano de tuberculose;
- Um em cada três desses indivíduos está coinfectado por HIV.
Em termos gerais, cada infecção faz a outra piorar, ou seja, se você for infectado por tuberculose e se você está ou vai se tornar coinfectado por HIV, a infecção por tuberculose acaba se tornando mais severa e também é mais fácil de ser disseminada. Isso também aumenta a chance de acontecer necrose severa dos pulmões ou tuberculose miliar ou, ainda, meningite tuberculosa. O HIV torna a tuberculose pior em quase todos os sentidos e, similarmente, a tuberculose também piora o HIV. Por meio de mecanismos que ainda não conhecemos, estar infectado com tuberculose faz o vírus HIV se proliferar mais e faz a progressão da infecção pelo vírus HIV se tornar ainda mais severa, ou seja, eles são ruins mutualmente. E é por isso que essa combinação é chamada de tempestade perfeita.
Tratamento
Claramente, a gente precisa tratar as duas infecções, porque as duas são infecções graves. Para a tuberculose, a gente pode usar drogas antituberculose. Já com o HIV, é claro, você deve usar antirretrovirais para controlar a infecção.
Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imune
É lógico que você deve tratar as duas infecções, mas a outra parte dessa tempestade perfeita é que, quando você começa a tratar, vai ter uma reação adversa, algo chamado de Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imune ou IRIS.
Para descrever os efeitos da IRIS, nós vamos falar sobre dois pacientes hipotéticos infectados com tuberculose:
- Caso 1: Paciente infectado com tuberculose latente (subclínica) que é infectado com HIV e diagnosticado com essa infecção. A infecção por HIV vai começar a ser tratada com antirretrovirais e a infecção tuberculosa pode se manifestar clinicamente, ou seja, ela vai ser descoberta. Isso costuma ser chamado de desmascarando a IRIS;
- Caso 2: Paciente que já sabe que tem tuberculose clínica e que também está infectado por HIV. Ao tratar a infecção por HIV com antirretrovirais, paradoxalmente, a infecção tuberculosa pode piorar temporariamente, o que é chamado de IRIS paradoxal.
Lembre-se de que esse agravamento da infecção tuberculosa é um agravamento transitório, ou seja, é um fenômeno temporário. Então, continuando o tratamento da infecção por HIV e começando o tratamento da infecção tuberculosa, isso vai resultar no abrandamento dessas infecções.
Interferência das Droga
Normalmente, as drogas usadas para tratar cada uma dessas infecções podem interagir adversamente entre elas. A interação adversa mais importante que você deve conhecer é o efeito rifampicina nos diferentes agentes antirretrovirais. Especificamente, a rifampicina é conhecida por ser um indutor de enzimas importantes no fígado, que são responsáveis por metabolizar muitas drogas. A rifampicina induz essa enzima, em outras palavras, torna essa enzima mais ativa. Essa enzima é responsável por reforçar o metabolismo de muitas drogas, incluindo antirretrovirais. Então, quando você toma rifampicina, que é uma droga-chave no tratamento da tuberculose, os antirretrovirais são metabolizados mais rapidamente e acabam perdendo sua efetividade mais rapidamente. Então, é preciso que você esteja ciente disso e de outras interações entre as drogas para poder modificar e modular a terapia para as infecções adequadamente.
Nós vamos falar um pouco mais sobre isso em um outro momento.
Fonte
Tuberculose e HIV | Química | Khan Academy por Khan Academy Brasil