Pular para o conteúdo

Tratamento de Tuberculose com Veneno: Uma Nova Alternativa Terapêutica.

Novo fármaco para combater a tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível provocada por bactérias, na maioria das vezes o problema acontece nos pulmões, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. O principal sintoma é a tosse seca que pode vir com febre à tarde, suor à noite, perda de peso, cansaço e fadiga. Falando em números, no Brasil a cada ano são 70 mil novos casos de em torno de 4.500 mortes. Algumas décadas o ser humano já conhece estratégias para combater a tuberculose, só que as bactérias têm a capacidade de se tornar resistentes aos antibióticos. A boa notícia é que pesquisadores da UFG acabam de desenvolver um novo fármaco que pode ser outra alternativa para combater a doença.

Como o novo fármaco foi desenvolvido?

O novo fármaco vem de algo que de cara a gente pensaria que só pode fazer mal: o veneno dos insetos e animais em geral. Eles não têm um sistema imune desenvolvido igual o nosso, mas mesmo assim eles não ficam doentes, não pegam bactérias e não pegam vírus. Então a ideia foi procurar se nas substâncias que eles usam, que no caso são os venenos, teriam substâncias com ação bactericida que pudesse ser usado pelos homens. Nessa busca, os cientistas estavam atrás dos peptídeos, pequenos pedaços de proteína que são constituintes das nossas células, do nosso sangue, ou seja, algo que nós mesmos temos. Foram encontrados peptídeos nos venenos do escorpião amarelo e de um tipo de vespa.

Como o novo fármaco age contra a tuberculose?

Os peptídeos encontrados têm ação contra o bacilo da tuberculose e a ação é microbicida, ou seja, tem menos chance de efeito colateral. Como os peptídeos são substâncias que as próprias células usam para se alimentar, eles tanto podem encontrar a bactéria que está fora das células quanto aquelas que já estão dentro, vivendo dentro das células do nosso corpo. Como os peptídeos agem na superfície da bactéria, elas perdem a capacidade de trocar nutrientes, acabando por morrer. O peptídeo não entra na bactéria, não elaborando mecanismo de resistência. Outra estratégia é que o peptídeo difunde facilmente e poderia ser difundido através do granuloma (estrutura que nosso próprio corpo faz para se proteger da micobactéria), sendo facilmente transportado para dentro desses grãos.

Qual a importância do novo fármaco?

Hoje em dia, o tratamento da tuberculose é feito com quatro antibióticos, e essa combinação é eficiente desde que a pessoa não pare o tratamento antes do tempo certo (seis meses no mínimo). Caso a pessoa não tome o medicamento regularmente, ou deixe de tomar o medicamento, como a bactéria consegue se esconder muito bem no organismo, ela passa a ter habilidade de resistência aos antibióticos, tornando mais difícil o tratamento da tuberculose quando ela volta. Quando a pessoa volta a ter tuberculose, ela tem a tuberculose resistente, e ela já transmite para os outros o bacilo resistente. A boa notícia é que, até o que se sabe até hoje, não existe mecanismo de resistência elaborado por bactérias para peptídeos antimicrobianos. Então, com certeza, seria uma alternativa.

Próximos passos

A próxima etapa agora é fazer o escalonamento para fornecer o fármaco para a sociedade. A produção precisa ser aumentada para ter bastante comprimidos, tempo suficiente para um tratamento da tuberculose que duraria seis meses inicialmente ou talvez para estudos futuros para um número muito grande de pessoas. Depois que isso tudo estiver pronto, fazer um reteste nunca mudam para ver se continua tendo ação contra a tuberculose e aí sim fazer a um ensaio clínico em 1.

Fonte
Tratamento para tuberculose a partir de veneno | Viver Ciência por TV UFG