Síndrome da Fadiga Crônica: uma doença pouco diagnosticada no Brasil

Uma doença pouco diagnosticada no Brasil vem chamando a atenção de especialistas e pesquisadores: é a síndrome da fadiga crônica, que tem como principal sintoma um cansaço extremo sem fim.

Após qualquer esforço, uma pessoa saudável precisa apenas de uma rápida parada para recarregar as energias e recomeçar. Só que o mesmo não acontece com o portador da síndrome da fadiga crônica. Uma simples atividade física, como uma caminhada na orla da praia ou uma ida até a padaria, pode causar um cansaço extremo. Tem sido assim a vida do Cristian:

Cristian, como você se sente agora?
Na verdade, essa pequena caminhada está acabando com as minhas forças. E, se for ver na real, eu não teria nem levantado da cama. Realmente, eu levantei para atender vocês, mas a minha força estava baixa… muito baixa. Noite de sono mal dormida, o que é comum pra mim, e dores no corpo. Nem dores, muitas dores no corpo, que talvez seja uma das minhas principais queixas.
E quantos anos você tem, Cristian?
Eu tenho 32 anos, mas assim, você pode ter certeza que com velho de 80, 70 anos dá um banho de disposição em mim. Se eu pudesse ser sincero com você, preferia terminar de gravar a matéria em casa. Eu já não aguento mais aqui.

No Brasil, o assunto ainda está sendo pesquisado, mas estudiosos norte-americanos acreditam que pelo menos metade dos pacientes com dores crônicas sofre desse mal. Para saber se é portador da síndrome, o paciente tem apresentado, por seis meses, cansaço excessivo e constante, dores musculares e nas articulações, desconforto na garganta, falta de concentração, inchaço nos nódulos linfáticos e alteração de memória. Como esses sinais são parecidos com os de outras doenças, até os médicos têm dificuldade de fazer o diagnóstico. É preciso pesquisar todas as outras doenças possíveis, como doenças infecciosas, problemas imunológicos, reumatológicos, fibromialgia, problemas mentais como a depressão e a ansiedade. É necessário descartar tudo isso como causa para poder chegar ao diagnóstico de síndrome da fadiga crônica.

Especialistas sabem, no entanto, que a fadiga crônica não é uma doença isolada. “Realmente, está associada à depressão, está associada à ansiedade. Existem problemas de sono secundário, existem quadros de dor que afetam bastante. Então, é uma situação que atrapalha a vida de muita gente e que, infelizmente, não tem um bom diagnóstico e pouca gente tratada adequadamente”, explica um especialista.

Cristian está em tratamento: toma remédio e faz acompanhamento psicológico. Como, além da fadiga crônica, tem outras doenças, foi afastado do trabalho. É em casa, na cama, que ele fica a maior parte do tempo. Até a vida social é difícil:

“Meus amigos hoje estão acostumados e sempre deixam uma cama de canto já arrumada porque sabem que provavelmente vou precisar. Cristian é casado e encontra nessa união a força para vencer o preconceito. Enquanto não descobrem a cura para a síndrome da fadiga crônica, passei preconceito também pela minha família, pelos meus amigos. Não entendiam a doença, não entendiam uma doença, mas achavam que era uma forma de se encostar, uma forma de se isolar do mundo e não trabalhar e ter um tempo pra dedicar só para si, pra pensar em si próprio. E, à verdade, não é essa”, conta.

Os mecanismos fisiológicos por trás da fadiga são genéticos de predisposição, hormonais, são ambientais, são imunológicos e essencialmente neurológicos, por alterações de neurotransmissores que ocorre na fadiga crônica. É um cansaço excessivo, um cansaço que perturba a vida do indivíduo. Então, é preciso de um diagnóstico médico. Se a pessoa se queixa muito de cansaço e sofre com isso, tem que procurar um atendimento correto. A pior coisa que tem é quando você está na rua e é incompreendido pelos outros. No consultório médico, você é incompreendido pelo médico. Imagina você se sentir incompreendido dentro de casa? É uma coisa que não é justa.

Fonte: Conheça os sintomas e as causas da síndrome da fadiga crônica por orient mag