Diagnóstico Laboratorial das Infecções Causadas pelos Enterococcus
Os enterococos apresentam importância crescente como causadores de infecção hospitalar, devido ao aparecimento de resistência quase total aos antibióticos tradicionalmente utilizados para o tratamento das infecções. Os enterococos mais comumente isolados são E. faecalis em 90% dos casos e E. faecium, com grande capacidade de colonização de pacientes e de contaminar superfícies e equipamentos utilizados em hospitais.
Testes para Identificação dos Enterococos
No fluxograma abaixo, temos os principais testes para identificação dos enterococos:
- Prova da catalase
- Teste de quem tem no
- Teste da sensibilidade ao Toquinho e à bacitracina
- Teste da bile esculina
- Prova da tolerância ao sal
Prova da Catalase
Primeiramente, é feita a prova da catalase para obter a separação dos staphylococcus, streptococcus e enterococcus. É importante lembrar que os estafilococos são catalase-positiva e os streptococcus são catalase-negativos. Após a separação desses dois grandes grupos, o objetivo é a distinção entre os streptococcus e os enterococos. Os enterococos são negativos na prova de catalase.
Teste de Quem Tem No?
No teste de quem tem no?, os enterococos são negativos, seguidos também do teste da sensibilidade ao Toquinho e à bacitracina, onde os enterococos são resistentes. Também são utilizados os testes da bile esculina e da tolerância ao sal, que são troca-seleção positivos. Esses dois últimos são de suma importância para a identificação dos enterococos.
Isolamento dos Enterococos
O isolamento dos enterococos a partir de espécimes clínicos não oferece dificuldades, uma vez que esses microrganismos podem ser cultivados nos meios de cultura comuns, inclusive naqueles seletivos para bactérias gram-negativas, produzindo colônias visíveis em 24 horas de incubação. Eles podem ser cultivados em meios como Larga Sangue e o Coach. É possível fazer a coloração de gram para avaliação morfo-tintorial do microrganismo.
Principais Provas de Identificação
Algumas das principais provas de identificação que podem ser feitas são:
- Prova da catalase
- Padrão de hemólise
- Prova da bile esculina
- PI
- Prova da tolerância ao sal
Após a visualização do crescimento das colônias no isolamento, pode ser feita a prova da catalase, que permite visualizar se essas bactérias produzem a enzima catalase, através da formação de bolhas. É válido ressaltar que o ideal para a prova é que as colônias não sejam provenientes do Meio Agar Sangue, já que as hemácias apresentam catalase, o que poderia gerar um resultado falso-positivo. Lembrando que os enterococos são catalase-negativos.
O padrão de hemólise pode ser visualizado no Meio Agar Sangue. Se as bactérias possuem atividade hemolítica, será possível visualizar a formação de áreas de hemólise bem nítidas. Lembrando que os enterococos pertencem ao grupo D da classificação de Lancefield.
A prova da bile esculina é utilizada para a identificação presuntiva de espécies de enterococos e estreptococos do grupo D. É feita uma semeadura na superfície do meio em um tubo com superfície inclinada. Se os microrganismos hidrolisarem a esculina na presença de 1-4% de sais biliares, significa que o resultado é positivo, ou seja, haverá um escurecimento do meio. Em caso negativo, o meio permanecerá inalterado, ou seja, esse tom amarelado como é possível ver na imagem.
O PI, também chamado de pirrolidona New aminopeptidase, é uma enzima produzida pelo Streptococcus pyogenes e também pelo Enterococcus. No resultado positivo, podemos ver uma cor vermelha e no resultado negativo, uma cor amarela ou laranja.
A prova da tolerância ao sal verifica a capacidade do microrganismo de crescer em altas concentrações de sal. Tem por finalidade diferenciar os enterococos dos streptococcus. Em caso de resultado positivo, podemos observar uma turvação do meio, indicando o crescimento bacteriano, com ou sem viragem do indicador. Em caso negativo, o meio permanecerá com a cor original púrpura e sem turvação.
Fonte
Diagnóstico Laboratorial- Enterococcus sp. por MOBAC UFRN