Transformações no conhecimento e tratamento do câncer de mama
Neste finalzinho de outubro, que todo mundo sabe que é o mês da conscientização sobre a prevenção do câncer de mama, vou falar um pouco sobre a perspectiva de um oncologista da velha geração como eu sobre as transformações que vivemos até aqui no conhecimento e no tratamento dessa doença.
Eu fui da geração de oncologistas que faziam colômbia geral, os hematologistas tratavam leucemias e linfomas e nós ficávamos com todos os outros tipos de tumores, incluindo o câncer de mama. O que ainda não falávamos naquela época é que o câncer de mama não é uma doença única. Nós sabemos hoje que existem vários tipos de câncer de mama. O que eles têm em comum é a presença da célula maligna originada na mama, mas existe uma série de outros fatores que tornam cada um desses tumores diferentes. Uns são mais agressivos, outros menos. Alguns sofrem influência de hormônios, outros não, e por aí vai.
Mas é importante dizer que em todos os casos, quanto antes a doença for detectada, maior a chance de cura. Vejam só, antes a divisão era tumores sanguíneos (leucemias e linfomas) e o resto, chamado de tumores sólidos. Isso, evidentemente, refletia nas opções de tratamento que tínhamos naquela época.
- Agora nós vivemos tempos de especialização, em que são colegiadas contam até com a inteligência artificial, com uma grande ferramenta para definir diagnósticos e tratamentos que sejam mais eficientes e melhor adaptados a cada caso em particular, quando o assunto é câncer de mama.
- A dificuldade para encontrar o tratamento mais adequado ainda tem uma particularidade. Além da variedade dos tipos de tumor, precisamos levar em consideração a diversidade dos pacientes, das pacientes. Principalmente o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no Brasil e um dos mais comuns no mundo. Ele tem de um lado uma diversidade de tumores de mama e de outro uma diversidade de pacientes, cada uma com respostas diferentes aos tratamentos. Dá pra ter uma ideia de por que esse tratamento ficou tão complexo.
- Nos últimos anos, nós aprendemos que para uma classificação mais precisa sobre o risco de reincidência do câncer, é mais seguro nós nos baseamos no genoma celular do tumor. Está no DNA das células tumorais do que nos parâmetros morfológicos que nós usávamos anteriormente, com o tamanho e o formato das células (CTC nos Estados Unidos).
- A IBM criou uma ferramenta que, após o sequenciamento genético do tumor na paciente, ela lê essa informação e ajuda a determinar quais os tratamentos com maior chance de sucesso, baseado nas mutações encontradas no interior das células tumorais.
Esses exemplos mostram que o uso da inteligência artificial do IBM Watson contribui para lidar com as dificuldades que falamos aqui, mas neste mês de conscientização, precisamos lembrar que o primeiro passo para a prevenção é a mulher submeter à mamografia. Consulte o seu médico para saber a partir de qual idade, de quanto em quanto tempo você deve realizar o exame.
Fonte
Evolução no tratamento do câncer de mama | Coluna #75 por Drauzio Varella