Mamãe, o que houve? Qual é a Paula das Crianças que andou? Ela fez o quê?
Me conta! As crianças abrem sozinhas, é você? Você tá com sono?
Não, graças a Deus, né. Você vai dormir só depois das 7:00, né? E vai acordar que horas? Que horas você vai acordar?
Eu vou ver o que é, tá? Então, vai, mas depois você volta. Tá na hora de fazer um pouco. Gente, passou. Passou. Que que houve? Bateu com o pezinho na mesa?
Não? Para. Eu vou com você. Depois tomar banho. Mas tem que lavar os pés porque não para calçada. Já vai voltando. Minha voz, a flauta é a Cláudia. A Cláudia? Sou eu.
Pareço com a Cláudia. Eu sou a Cláudia. Ela não tá me reconhecendo. Não pode, né mamãe? Olha, a Cláudia foi para missa. Daqui a pouco ela chega, tá bem?
Às vezes eles chamam a gente, mas eles imaginam a gente pequeno. A lembrança que eles têm da Cláudia, no caso, é de uma criança. Ela vai voltar, ela vai voltar, ela vai voltar, ela vai voltar. Daí a Francisquinha. Vamos ver, vamos ver, vamos ver. Ixi, matando escuro. Acender a luz.
Ela tá aqui? Ela tá aqui, né? Quem é que tá ali? Quem é aquela ali que tá ali, ó? Não?
Quem é aquela ler? Ela sabe ler, ela sabe ler. Vou cortar esse cabelo de novo, cresce mais do que não sei o quê. Olha a Tati lá. Você treina?
Euclise? Não? Mas por que não vai? Vai, vou. Vai, vou. Vai, vou. Tá bom. Eu vou sentar, eu vou sentar longe de você.
É o que foi? Eu não fiz nada, minha Maria. Mamãe, eu não fiz nada, eu não tenho culpa. Eita, como eu não tenho culpa. Eu também. Aham.
Agora descansa aí, fica repousando, tá gente? Só descalço, tá bem? Eu sou criança. Você é criança. Você é criança ou é adulto?
Tão bonitinho esse pezinho, parece pezinho de anjo. Tá bom, então vou deixar você quietinha para você descansar, tá?
Fonte: Alzheimer – Brava, muito brava. por Francisquinha Alves – O bom do Alzheimer