Cerca de 50 mil brasileiros morrem por ano de complicações cardiovasculares. Um novo estudo liderado por um pesquisador da USP pode abrir caminho para melhorar o tratamento da insuficiência cardíaca, quando o coração tem dificuldade para bombear o sangue.
Nesse laboratório da USP, o frasco é manuseado com muito cuidado. Lá dentro está uma descoberta que pode melhorar a vida de muita gente. O nome parece coisa nossa, Samba, e é mesmo. São as iniciais em inglês de uma molécula desenvolvida no Brasil, com o apoio da Universidade de Stanford nos Estados Unidos.
Ela age dentro da célula do músculo cardíaco impedindo o contato entre duas proteínas, onde a célula produz energia. Quando isso acontece, a capacidade do coração de bombear o sangue aumenta. A molécula também preserva as outras atividades da célula, o que é fundamental para o funcionamento do músculo. A proteína A também interage com outros compartimentos da célula e essa integração é importante. Por isso, não se pode desligar lá, porque se diminui os efeitos dela na função da célula cardíaca. Mas desligando diretamente essa interação física entre a proteína A e a proteína B, isso protege o coração.
Os medicamentos para a insuficiência cardíaca que existem hoje no mercado conseguem fazer com que a doença evolua mais devagar. A descoberta da nova molécula, no entanto, abre espaço para o desenvolvimento de terapias mais eficientes que, além de frear o problema, pode fazer com que ele regreda. A próxima etapa é a fase de testes em seres humanos, para avaliar o risco da interação da molécula com outros medicamentos e se os resultados conseguidos em animais serão alcançados.
A insuficiência cardíaca é uma doença degenerativa, em que o coração não consegue mais bombear sangue suficiente pelo resto do corpo. Ela está relacionada ao envelhecimento e fatores de risco, como colesterol alto, diabetes e hipertensão. O desenvolvimento de uma nova tecnologia, de uma nova molécula, que abre uma porta para o tratamento é muito importante na redução do impacto da mortalidade, de hospitalização e de custos com a saúde.
Há seis anos, Joaquim convive com insuficiência cardíaca. Enquanto novas terapias não chegam, ele toma os remédios para controlar a doença, tem uma alimentação saudável e faz atividades físicas para melhorar a qualidade de vida. “Me sinto bem disposto, acordo cedo, fácil, faço 14 natação por semana. Com a cef eu tenho que tem que cuidar, senão não vivo e quero viver bastante ainda.”
Fonte: Nova molécula pode reverter insuficiência cardíaca por Band Jornalismo