Obesidade: O drama de Gabriela e Claudemir
Na terceira reportagem da nossa série sobre obesidade, hoje você vai acompanhar o drama de duas pessoas que lutam para ter uma qualidade de vida melhor: Gabriela e Claudemir.
Gabriela
Por exemplo, Gabriela já fez a cirurgia bariátrica, mas engordou de novo 40 kg e agora está numa batalha para voltar a emagrecer.
Claudemir
Já Claudemir é vigilante e hoje pesa 300 kg. Não consegue mais nem sair de casa para trabalhar.
- Claudemir, 46 anos, vigilante, 300 kg.
Na cama, ele quase não se move e levantar não é uma tarefa fácil. Ele se contorce, joga as pernas para fora do colchão, se apoia num móvel ao lado e com muito esforço fica de pé. E assim, dessa maneira, ele consegue se locomover e achar um lugarzinho para sentar. É muito rápido para você cansar a esse tamanho.
E tem sido assim para muitos brasileiros. Os números são reveladores: mais da metade da população está acima do peso e quase 20% estão obesos. O importante é tratar a obesidade como algo sério, uma doença séria, mas a obesidade tem controle.
Claudemir entrou para as estatísticas de obesidade ainda na infância e nunca mais saiu delas. Poderia estar vivendo muito agora, mas ainda pode, ainda tem chance. A chance de viver mais e com qualidade pode estar na cirurgia bariátrica.
Claudemir diz que entrou na fila no Hospital das Clínicas da Unicamp da Universidade Estadual de Campinas, mas até agora não foi chamado. No hospital, a informação é de que ele não tem comparecido ao ambulatório e que quando o paciente não tem condições de ver, pode ser oferecido ajuda. E no caso, esperar aí, né?
Quando o Claudemir estava com 105 kg, conheceu a Juliana. Um ano depois, casaram. Dos anos, a alimentação foi aumentando e o peso também. A esposa dedica a vida a cuidar do marido, enquanto isso é um benefício do governo que sustenta a família até que Claudemir consiga um dia voltar ao trabalho.
“Você gostaria de ver seu marido lá na frente, um homem como ele era antes, mas magro, mais ativo, né?”
Se o mundo continuar engordando nessa velocidade, em 2025 serão quase 2 bilhões e meio de pessoas acima do peso ao redor do mundo e 700 milhões de obesos. Mas engana-se quem pensa que a bariátrica é a solução de vez para esse problema.
Gabriela após a cirurgia bariátrica
Essa é a Gabriela de 260 kg que carregava o corpo e implorava por ajuda. Depois de oito anos, conseguiu finalmente fazer a cirurgia. Mudou tudo, tudo. Consegui brincar com os meus sobrinhos que eu não conseguia. Eu não conseguia aceitar no chão, levantar sozinha, eu não conseguia fazer nada disso.
A Gabriela de hoje, seis anos depois, ainda carrega um peso que ela não imaginava que ainda teria. Uma vez que você é obeso, para sempre você vai ser obeso. A bariátrica não muda a cabeça de ninguém. O que aconteceu com ela acontece com muita gente após a bariátrica. Hoje está com 160 quilos, ainda bem acima do que os médicos recomendam para a saúde dela.
A sorte da Gabriela é que ela percebeu há tempo o problema.
“Minha compulsão alimentar e a ansiedade. Ela me leva como doce. Preciso pedir ajuda aos médicos mais uma vez.”
A rotina dela agora envolve uma dieta rígida e academia. Num treino pesado, os quatro primeiros meses a gente ficou lá na sala, lá em cima, fazendo só funcional. Porque ela tinha vergonha de ficar aqui na musculação. Ela não cabe em alguns aparelhos. Autoestima foi a primeira a melhorar, depois veio a força para encarar um treino ainda mais pesado.
A Gabi tá tão focada nesse novo desafio que ela está treinando seis vezes na semana. Toda treinando e cada treino lá perde mais ou menos 1.200 calorias. Você tá focada mesmo, focadíssimo.
Gabriela e Claudemir não se conhece, tem histórias diferentes, mas batalhas iguais. Enquanto ele segue esperando pela cirurgia, ela que já fez corre agora atrás do que ganhou. E juntos, mesmo que distantes, buscam a mesma vitória numa luta incansável contra o corpo.
Fonte
Obesidade: acompanhe o drama de quem luta contra a balança por Fala Brasil