Os médicos e hospitais da rede municipal de São Paulo já estão utilizando anticoagulantes para tratar pacientes contaminados pela COVID-19. O uso das medicações foi testado por médicos e cientistas brasileiros e, depois de apresentar eficácia no tratamento da doença, ganhou destaque internacional.
O engenheiro Márcio Darosto é um dos 27 pacientes citados no artigo já disponível no prestigiado British Medical Journal. Todos foram tratados com anticoagulantes, medicamentos capazes de dissolver a trombose que se forma nos pulmões de quem é contaminado pelo novo coronavírus. O trombo impede a circulação sanguínea e, para que a respiração seja efetiva, o sangue e o ar devem se encontrar nos alvéolos, localizados na ponta dos brônquios. Por isso, na forma grave, a COVID-19 sufoca o paciente.
O SBT mostrou em primeira mão, há duas semanas, o tratamento com anticoagulantes desenvolvido pela equipe comandada pelo pneumologista Leonardo Negri e pela professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Dra. Naarla.
A Dra. Naarla descobriu que o vírus provoca trombose nos pulmões ao observar a necropsia nos corpos daqueles que não resistiram. Ela então decidiu testar a medicação que é indicada nesses casos. Os pacientes que ainda lutavam desesperadamente para viver, melhoraram progressivamente.
De acordo com o artigo que a médica brasileira está publicando, nenhum paciente dos 27 tratados com anticoagulantes morreu e apenas dois ainda estão hospitalizados. “A impressão que a gente tem é que quanto mais precocemente na instalação da insuficiência respiratória, a gente age, maior é a possibilidade que o paciente melhore e não precise ser entubado ou colocado no ventilador mecânico”, explica Dra. Naarla.
Os pacientes do estudo tem entre 39 e 96 anos, 30% são mulheres e alguns são cardíacos e diabéticos. Com a publicação do artigo brasileiro, médicos e hospitais do mundo todo passam neste momento a conhecer o protocolo e poderão usar a técnica em seus pacientes.
A médica alerta contra a automedicação, que pode levar à morte. O remédio que é de uso hospitalar tem baixo custo, mas é um tratamento disponível para pessoas pobres e ricas. “Então, vai ser uma coisa que vai ser aplicada imediatamente e, se realmente mostrar-se eficaz, como está se mostrando, todos os hospitais da rede municipal de São Paulo já estão usando os anticoagulantes conforme indicação clínica de cada paciente. Eu acho que foi um sucesso o tratamento que foi feito e a gente sente orgulho por mais uma brasileira fazendo diferença no mundo competitivo”.
Fonte: Coronavírus: Eficácia de tratamento com anticoagulantes ganha destaque | SBT Brasil (21/04/20) por SBT News