Psoríase: uma doença que precisa ser desmistificada

Há cerca de cinco milhões de brasileiros portadores de psoríase. A doença causa inflamação e descamação na pele em diversas partes do corpo. Embora não tenha cura, pode ser controlada com medicamentos. Mais importante, como é uma doença genética, a psoríase não é contagiosa.

Já foi muito mais difícil para Davi se expor assim, portador da psoríase há 25 anos. Ele tem na pele marcas que antes só queria esconder. “Muita gente se afastou de mim, não só precisa da minha família. Meus tios proibiam que os meus primos vinham conversar comigo, brincar comigo, por conta que achava que poderia ser contagioso”.

No último quarto de século, Davi evita todo tipo de evento social que é necessário estar em local aberto, principalmente em dias de calor. A psoríase é uma doença que ataca principalmente a pele, causando manchas vermelhas que costumam descamar. Mas ela também pode acometer outras áreas, como o couro cabeludo, as unhas e as articulações.

Não existe um fator causal específico ainda comprovado para psoríase, mas existem algumas situações em que o quadro pode se agravar: o consumo de álcool e o tabagismo, alguns medicamentos (principalmente lit), e também o estresse. O estresse pode agravar os quadros de psoríase e até mesmo desencadear em pessoas que ainda não tinham manifestado.

Estima-se que pelo menos 125 milhões de pessoas do mundo sofriam com o mal. Só no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, são cinco milhões. Não há cura para a psoríase, mas o tratamento mais comum é através de cremes hidratantes. Para casos mais graves, os tratamentos vão de medicação injetável até câmaras de exposição a raios ultra-violeta.

O custo psicológico para recuperar a autoestima é alto. “Eu sofri todo tipo de preconceito, as pessoas não sabem o que é, então ela já imagina o que é contagioso, então elas evitam uma aproximação, evitam dividir o mesmo copo, os mesmos talheres. Eu desenvolvi crises de ansiedade, então eu tenho transtorno de ansiedade e também já desenvolvi a pressão. Eu procuro tentar trabalhar muito o meu lado psicológico. Mas é difícil”, conta Davi.

Mas mais do que o tratamento contra psoríase, a principal batalha hoje dos portadores é pela conscientização. É que muita gente ainda acha que essa doença é contagiosa e que há riscos só por estar perto de alguém com uma inflamação. Essa ideia não poderia estar mais errada.

Você pode conviver muito bem com os pacientes de psoríase. Eles não são proibidos de participar de atividades em grupo, de uma piscina, de qualquer atividade social. No próximo dia 29 de outubro é comemorado o Dia Mundial de Combate à Psoríase, data para se lembrar de que, diferente da doença, o estigma e o preconceito têm cura. “Eu acredito que só se combate o preconceito com informação. Preconceito nada mais é do que ignorância. Quanto mais informação difundida sobre psoríase, eu acredito que falta um pouquinho da parte do governo em todas as esferas, municipal, estadual ou federal, campanhas nacionais de conscientização, rádio, TV, internet sobre psoríase.”