Olá pessoal, tudo bem? Hoje vou responder uma questão muito importante que está aqui em São Paulo. Sua dúvida também ou a dúvida de alguém que você conhece? Então continue assistindo esse vídeo até o final e compartilhe com seus amigos.
A dor é um dos sintomas não-motores da doença de Parkinson e gravei outro vídeo atrás falando sobre todos os outros sintomas não-motores. Então corra lá para ver e relembrar quais são os outros.
A dor foi descrita originalmente quando Shakow descreveu a doença, ele já identificou a presença de dor nos pacientes com a doença. Mas por muito tempo, esse sintoma foi negligenciado e por conta disso, foi subdiagnosticado e subtratado.
Nos últimos anos, tem sido feito uma força-tarefa para identificar a dor e estabelecer o tratamento correto nos pacientes com doença de Parkinson. Um estudo bem importante é o estudo PRIMO que avaliou a presença de sintomas não-motores em pacientes com a doença de Parkinson.
Esse estudo identificou que 98% das pessoas que têm Parkinson têm pelo menos um sintoma não-motor e a média de sintomas não-motores encontrados é de sete sintomas por paciente.
Além disso, esse estudo avaliou a presença de dor nos diferentes estágios da doença e identificou que já no início da doença, a dor pode estar presente em 60% dos pacientes. Ela pode iniciar mesmo antes da identificação dos sintomas motores.
E como avançar da doença, ou seja, quando atingimos o estágio 4 e 5 de Hoehn&Yahr que caracteriza a doença mais avançada, a dor pode chegar a estar presente em até oitenta por cento das pessoas.
Quais são os tipos de dor que podem estar presentes e de que forma eles podem ser tratados? Tem uma classificação chamada Classificação de Ford que divide em cinco tipos de dor. A primeira, mais frequente, é a musculoesquelética. Ela está associada a rigidez e também às posturas anormais que o paciente pode adotar. A dor mais comum é a dor lombar. E como podemos tratar a dor musculoesquelética? Nós podemos fazer ajuste na medicação dopaminérgica e além disso, também adicionamos a fisioterapia e a atividade física, com uma boa resposta dessa dor.
Outro tipo de dor que também está presente é a dor de tônica. São as posturas anormais de mão e de pé, às vezes cervical também pode acontecer. Ela está presente principalmente nos pacientes jovens e está associada com o horário da medicação que o paciente com Parkinson toma. Nesse caso, estamos fazendo ajustes da medicação dopaminérgica.
E para esses pacientes, também a cirurgia com DBS (Implante do Eletrodo Cerebral Profundo) também pode estar indicado.
Temos também a dor neuropática ou radicular. Quando ela comete o trajeto específico de um nervo ou uma raiz nervosa, pode ser por compressão local. Nesse caso, usamos medicações específicas para o tratamento de dor neuropática crônica, que pode ser a pregabalina ou os opioides. Nesse caso, é o seu neurologista que vai avaliar individualmente o seu caso e indicar qual o melhor tratamento para você. Temos também a dor central ou primária. Essa dor acontece por uma alteração da modulação da dor lá a nível sistema nervoso central. Acontece pela deficiência da dopamina nos gânglios da base. E nesse caso, podemos ajustar a medicação dopaminérgica como resultado satisfatório no controle da dor. E por fim, nessa classificação está a acatisia, que é uma sensação ou incômodo nas pernas. Uma sensação de ter que movimentar as pernas e muitas vezes está acompanhada de dor nas pernas também. Ajustes das medicações dopaminérgicas costumam controlar bastante a dor associada à acatisia.
E lembrando sempre que o tratamento da doença de Parkinson e de todos os seus sintomas não-motores deve ser individualizado. O alerta é para lembrar a presença da dor na doença de Parkinson, para que juntos você e o seu neurologista possam estabelecer qual o melhor tratamento no seu caso.
É um abraço! Nos vemos na próxima semana.
Fonte: Parkinson dói? por Dra. Adriana Moro – Neurologia