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Obesidade aos 50 anos: história de Pauline | Quilos Mortais | Discovery Brasil

Machucando pessoas com escolhas difíceis

É difícil quando a gente vê que está machucando pessoas queridas mas não consegue parar de fazer as escolhas que machucam.

Eu estou presa nesse corpo, eu me deixei perder totalmente o controle e sinto que estou morrendo todos os dias. Não consigo nem me mexer sem ajuda, consigo me alimentar e me limpar, mas para qualquer outra coisa eu preciso de ajuda.

A minha sobrinha vem algumas vezes por semana e me ajuda no banheiro. A Pauline é muito limitada no que ela pode fazer e por isso eu venho ajudar. Normalmente, eu venho lavar os cabelos dela e dar banho na cama.

O que eu desejo todos os dias é poder me levantar, entrar no chuveiro, me vestir e sair pela porta da frente. Eu fico imaginando se um dia eu vou ter uma vida normal.

Por trás de uma toalha para mim, o Dylan é o único filho dela. É ele quem cuida da Pauline desde sempre. “O meu filho ter que cuidar de mim é o pior de tudo”. Odilon tem 21 anos e o trabalho dele em tempo integral é cuidar de mim. Ele tem que me ajudar a colocar as calças nas pernas porque eu não consigo me curvar. Minhas pernas são gordas demais.

Eu fico triste pelo Dilo porque parece que ele não faz outra coisa na vida. Mesmo comigo, ele é muito fechado, não costuma dizer o que pensa. Não é uma relação muito saudável porque não é uma relação mãe e filho, é mais entre enfermeiro e paciente filha: “Vai tomar café, querido?” Parece mais que ele é o pai e eu sou a filha.

“Obrigada, querido”.

Eu amo a minha mãe, mas como ela é muito pesada, eu tenho que parar o que estou fazendo para cuidar dela. Para ajudar a mãe que ele sempre conheceu… O primeiro pesava pelo menos 220 quilos, depois 270. “Eu sinto mesmo que sou um fardo. Eu só gostaria que ela pudesse andar mais e ficar mais tempo de pé para que eu não tivesse que ajudá-la com tudo. Não tem nada de bom. O único prazer que eu tenho é quando estou comendo. O ponto alto do meu dia é comer. Como é que isso pode ter tanto poder para me manter assim por anos e anos?”

Eu venho lutando contra a balança desde os seis anos de idade. Minha mãe e meu pai se divorciaram. Minha mãe era dona de casa e quando eles se separaram, ela ficou por conta própria. Não havia nenhum auxílio social naquela época e nós ficamos morrendo de fome. Nós passamos muita fome. Os sentimentos que acompanhavam essa fome eram de impotência, tipo “você não tem onde arranjar comida”. Podia procurar em todos os armários porque eles estavam vazios e por causa disso de qualquer jeito, eu queria comer.

Foi quando meus pais se reconciliaram e a comida voltou a ser abundante que eu comecei a exagerar, entrando na cozinha escondida para comer durante a noite. Eu já estava gordinha por volta dos 8 anos de idade e a coisa só foi aumentando um pouco mais a cada ano.

Quando eu estava no último ano do ensino médio, com 17 anos, eu pesava 135 kg. E quando eu tinha 29 anos e dei à luz, o Dylon pesava 180 kg. Quando ele estava com dois anos de idade, eu já pesava 225 kg. Hoje, o meu peso está completamente fora do controle. Eu sei que peso mais de 270 kg e mesmo assim eu não consigo parar de comer. Tenho poucas atividades na minha vida e comer é uma delas, de forma que tenho a expectativa como se fosse um evento.

Fonte: A história de Pauline e sua obesidade aos 50 anos | Quilos Mortais | Discovery Brasil por Discovery Brasil